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Youth Of May: O Massacre de Gwangju

O aclamado drama da KBS “Youth of May” se passa em maio de 1980 na Coreia, e apresenta os protagonistas em meio ao “Movimento Democrático de Gwangju”, também conhecido como “Massacre de Gwangju”.
Após aquela que vos escreve ter chorado rios com o drama, vamos falar sobre o que foi esse acontecimento na história da Coreia do Sul e seu papel na construção da democracia.

Em 1972, houve uma mudança de constituição, que dava ao presidente (que na época se chamava Park Chung-hee, um general do exército) controle do parlamento e a possibilidade de presidência permanente, já que nessa nova constituição o presidente era eleito indiretamente, sem limite de reeleição. O governo controlava os poderes legislativo, judiciário e as diretrizes educacionais, com vigilância rígida.
Nessa época, estava acontecendo planos quinquenais na economia baseados na exportação, em que o foco eram as indústrias química e pesada (indústria de máquinas e matérias primas). Entretanto, esse crescimento econômico da coreia era bem desigual e os grandes conglomerados saíram ganhando.
Com o grande descontentamento da população, ativistas protestaram pela abolição do sistema imposto e, com a pressão dessas manifestações, o presidente fez decretos de emergência que levaram à prisão de diversos manifestantes.
Os protestos continuaram crescendo e em uma dessas manifestações cerca de duzentas e cinquenta mil pessoas foram às ruas lutar pela democracia.
Em 1978, Park Chung-Hee é reeleito indiretamente, o que causou mais descontentamento na população, e o governo reprimia com cada vez mais força as manifestações. Em outubro de 1979, o presidente Park Chung Hee foi assassinado pelo diretor do serviço de inteligência nacional.
Após a morte de Park Chung Hee, o primeiro-ministro assume o poder; até o major Chun Doo-hwan dar um golpe de estado em dezembro de 79, e aplicar um governo muito mais autoritário que o anterior.
Em março de 1980, com o começo de um novo semestre nas faculdades, professores e alunos que foram expulsos por atos pró-democracia voltam às universidades e, então, uniões são formadas e os protestos ressurgem no território coreano. 
Eram reformas exigidas nessas manifestações: Democratização, direitos humanos, definição de salário mínimo, liberdade de imprensa e o fim da lei marcial. 
O país estava com a lei marcial declarada após o assassinato do ex-presidente, o que significava que aglomerações populares em lugares públicos e movimentações sem aprovação prévia do governo estavam completamente proibidas.
Essa lei é uma imposição de poder militar direto para controle do governo e normalmente é aplicada após desastres ou invasões, mas muitos governos se usam dessa lei para reforçar seu poder.

O governo reprime novamente e, em 17 de maio, reforçou a lei marcial enviando tropas para diversos cantos do país, fechando universidades, banindo atividades políticas e censurando ainda mais a imprensa. 
Em 18 de maio, cerca de duzentos estudantes se reuniram em frente à universidade de Chonnam para protestar contra seu fechamento. Eles foram barrados por trinta soldados e entraram em confronto. O protesto então segue para o centro da cidade, o conflito aumenta e cerca de duas mil pessoas já estão envolvidas. Para controle dessa situação, são enviados mais 686 soldados e assim se marca o começo dos 9 dias mais violentos do conflito.
Com o uso de força do exército crescendo cada vez mais, os protestos também cresceram junto e já possuíam mais de dez mil manifestantes no dia 10 de maio. Conforme o conflito foi aumentando, a violência chegou aos civis que não estavam envolvidos no conflito. A estação local do canal MBC foi incendiada após o veículo reportar erroneamente sobre a situação em Gwangju.
No dia 21, o exército abre fogo contra um grupo de manifestantes, mata uma pessoa e em resposta, manifestantes roubam armamentos de policiais de cidades próximas, e entram em conflito contra o exército, forçando as tropas a recuarem do centro da cidade. Com as tropas fora do centro, o exército bloqueia todas as rotas e a comunicação da cidade.
Dessa forma, os comitês dos estudantes e dos civis são formados. Foram feitas negociações com o exército para a liberação daqueles que foram presos injustamente, compensação de vítimas e a proibição de retaliação em troca do desarmamento dos manifestantes. Os estudantes universitários tomaram a frente e se responsabilizaram pelos funerais, campanhas, recolhimento de armas e assistência médica.
Dia 28, o exército se prepara para invadir a cidade mais uma vez e o comitê civil tenta, sem sucesso, barrar fisicamente as tropas. Até que na madrugada do dia 27, as tropas das cinco divisões presentes na cidade derrota a resistência em 90 minutos.
Os números de mortes variam muito, entre cento e setenta e duas mil mortes. De acordo com a “ May 18 Bereaved Family Association”, pelo menos cento e sessenta e cinco pessoas morreram durante os 9 dias de confronto e outras setenta e seis estão desaparecidas.
Movimento Democrático de Gwangju pavimentou para que outros movimentos democráticos surgissem e conquistassem a democracia. Em 2011, documentos do Movimento foram listados pela UNESCO como uma “memória do mundo”.

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