Por que tendemos a consumir tanto do K-Pop?
É muito fácil começar falando que o K-POP só se tornou popular no mundo por fatores aleatórios como sorte ou o famoso sistema de erro e tentativa. No entanto, para se projetar internacionalmente é necessário muito mais que sorte e um caminhão de tentativas até alguma dar certo. É com isso que falaremos sobre as estratégias políticas e diplomáticas que o país do leste asiático desenvolveu para poder se inserir culturalmente ao redor do mundo.
Para embasar o que será dito e exposto aqui, é necessário falar sobre os dois principais conceitos de poder em Relações Internacionais, são eles:
Para dar uma rápida explicação, temos:
Soft Power (ou Poder Brando): Capacidade de influenciar, convencer e usar de poder diplomático
Hard Power (ou Poder Duro): Capacidade de influenciar por meio de poder bélico ou econômico
Mas como a gente pode interligar esses conceitos com a expansão acentuada e fervorosa não só do K-POP mas também da Onda Hallyu?
Os estrategistas e especialistas vêem a necessidade de desenvolver o Poder Brando em dois objetivos principais: O primeiro deles é aumentar as relações diplomáticas e com isso seu poder político internacional (o que ainda sim se mostra mais fraco do que o poderio militar ou Hard Power em termos de desenvolvimento econômico e atração de possíveis investidores). O outro ponto, é que há possibilidade de encontrar um legado dentro de todo o esforço feito pelo país não só internamente, mas em todos os países potencialmente influenciados por movimentos culturais do ator, não obstante, o tamanho do legado também é importante pois determina o impacto do engajamento e nível de relações que as gerações futuras podem ter com o país.
Esse legado, é o que podemos observar em todos os cantos do mundo com cada vez mais pessoas discutindo, participando e engajando movimentos culturais Sul-Coreanos.
Porém, mesmo com todos os planos relacionados à inserção cultural em outros países próximos do leste asiático, as questões ligadas aos conceitos de Soft Power dentro da Coreia do Sul só foram ser discutidas somente a partir da metade dos anos 2000. E o motivo mais claro se dá pelas relações conflituosas e tensas entre Coreia do Norte e sua contraparte do Sul. Seja por sua vontade de se expandir culturalmente ou por pretensões claras de desenvolver mais um poder latente para se manter estável dentro do Sistema Internacional em caso de conflitos ou sanções.
Mas então, de onde vem todo esse dinheiro usado no K-POP? São só as empresas bancando?
Como já dito, é também de interesse do governo que haja crescimento não só dos grupos mas também das empresas, pois essas que agenciam os grupos e descobrem novos talentos no mundo todo. Com isso, é necessário que se tenha participação governamental nos investimentos para que a indústria continue funcionando e assim consiga gerar retorno em Poder Brando para o Governo Sul Coreano.
“Apesar das empresas serem em sua totalidade privadas e com economia de mercado, o fundo de investimento é apoiado e patrocinado pelo governo, mostrando sua importância para o desenvolvimento tanto do Soft Power.” (Solee, 2021)
Características claras de planejamento Coreano se refletem em sua política diplomática e cultural, tentando tornar as melodias cada vez mais pegajosas e viciantes, além de criar tendências de moda e alimentação em lugares antes inimagináveis para uma inserção cultural. Com isso, podemos dizer que o crescimento da Onda Hallyu se torna cada vez mais interessante para a Coreia do Sul pois o K-POP além de ser lucrativo, gera cada vez mais poderio internacional e diplomático para o país.
Portanto, talvez não seja saudável observar a ajuda governamental como uma benfeitoria à indústria, mas sim como uma forma de sustentar um instrumento de poder.
Em conclusão, podemos afirmar que veremos o crescimento dessa indústria assim como o surgimento de grupos incríveis e talentosos, todavia, esses movimentos só são possíveis porque no meio do caminho a Coreia do Sul entendeu que esse processo é essencial para o crescimento do país.
Politicagens à parte, sorte a nossa de poder ver o crescimento da indústria e dos nossos grupos favoritos.