Em 29 de outubro de 2022, a Coreia do Sul viveu uma tragédia sem precedentes que transformou o Halloween de uma celebração alegre em um marco doloroso. No bairro de Itaewon, em Seul, uma multidão de aproximadamente 100 mil pessoas se reuniu para celebrar o primeiro Halloween após as restrições da pandemia. Contudo, em meio a uma rua estreita e inclinada, a aglomeração tornou-se incontrolável, resultando em um esmagamento que tirou a vida de 159 pessoas e deixou dezenas de feridos. A negligência de medidas preventivas e a falta de presença policial adequada foram apontadas como fatores cruciais para a ocorrência do desastre.

Desde então, o luto persiste, e as marcas do incidente permanecem visíveis na cultura e no cotidiano sul-coreano. Dois anos após a tragédia, grandes redes de lojas e parques temáticos, como Lotte World e Everland, decidiram evitar decorações e festividades típicas do Halloween em respeito às vítimas. Eventos tradicionais, como o Festival de Halloween de Daegu, foram cancelados, enquanto escolas e creches optaram por temas sazonais mais neutros, evitando qualquer alusão ao feriado.

As falhas na resposta da polícia naquela noite trouxeram à tona questões sobre a prioridade dada à segurança pública. Apesar das denúncias iniciais de superlotação e dos pedidos de socorro, apenas 137 policiais estavam no local para controlar a multidão. Em contraste, cerca de mil oficiais foram designados para a segurança de protestos e da residência presidencial, deixando a celebração em Itaewon praticamente desassistida. As operações de fiscalização focadas em drogas, impulsionadas por uma política de “guerra às drogas” do governo, também desviaram recursos de segurança do evento.

Fotógrafo: SeongJoon Cho/Bloomberg
Em resposta ao desastre, a cidade de Seul implementou medidas rigorosas para monitoramento de multidões, como um sistema de câmeras em 71 áreas populares, capaz de alertar as autoridades em casos de superlotação. A infraestrutura de emergência foi ampliada com mais câmeras e pessoal especializado, visando evitar que uma tragédia como a de Itaewon se repita. Este sistema reflete a tentativa do governo em equilibrar a segurança pública com o direito à celebração.
A tragédia de Itaewon redefiniu a relação da Coreia do Sul com eventos de grande porte, transformando o Halloween em um momento de reflexão e respeito pelas vidas perdidas.