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O assassinato de Jeju – Ódio público e escândalo midiático

TW/GATILHO: No texto são mencionados temas como assassinato, assédio sexual e mutilação.

O caso de assassinato do ex-marido de Jeju é um dos crimes mais brutais que a polícia Sul Coreana já enfrentou, tendo comovido milhares de pessoas em todo o país devido a natureza peculiar do ocorrido.

QUEM FOI KOH YU JEONG?

Koh Yu Jeong nasceu em 1983 e é a mais velha de três irmãos. Koh é descrita por seus colegas como alguém com uma personalidade comum, no entanto, ela também era descrita como alguém doce e animada. Em determiando ponto, Koh ingressou no Departamento de Química da Universidade Nacional de Jeju, local onde viria a conhecer seu futuro marido, Kang.

Em 2013 o casal se uniu em matrimônio. De acordo com amigos de Koh, eles eram um casal normal, como qualquer outro.

Entretanto, nem tudo eram flores no relacionamento dos dois. Kang pediu o divórcio em 2017, alegando abuso conjugal como fundamento. A acusação é sustentada pois um dos amigos do casal relata que Kang já havia reclamado do comportamento violento de Koh, mesmo na frente de seu filho. Koh rebateu a alegação inicial e acusou Kang de vício em álcool. Kang não consumia álcool.

O irmão mais novo de Kang, que conhece Koh desde os anos de faculdade, disse que o irmão “não conhecia sua verdadeira face” até que ela começou a “mostrar seu lado feio” durante o processo de divórcio. Ele compartilhou essa história durante uma entrevista ao The Korea Herald na residência de sua família na cidade de Jeju.

Kang queria ficar com a custódia de seu filho, mas não tinha recursos financeiros e ainda estava cursando doutorado na Universidade Nacional de Jeju. O tribunal então decidiu a favor de Koh Yu Jeong, acreditando que seria melhor para criança estar com sua mãe, em contrapartida, Kang poderia visitar seu filho apenas duas vezes por mês.

Ansiando em poder dar uma boa vida a sua família, Kang trabalhou meio período e se esforçou para fornecer ₩ 400.000 (cerca de R$1.440 reais) para a pensão alimentícia. Koh não permitia que Kang visse seu filho, mesmo com a lei estando ao lado do ex marido. Quando ela se casou novamente, deixou a criança com seus pais para comemorar a lua de mel, e mesmo assim, Kang não foi capaz de vê-lo.

Desesperado, Kang entrou com uma ação contra a ex-mulher. O tribunal considerou que Koh estava desrespeitando a lei e ordenou que ela escolhesse uma data para deixar Kang ver seu filho. Em 25 de maio de 2019, Koh retornou à Ilha Jeju, onde havia comemorado sua lua de mel, para se encontrar com Kang, permitindo que ele visse seu filho pela primeira vez em dois anos.

O fato de que Koh não gostaria que Kang visse o próprio filho após o divórcio foi um dos fatores que levaram o público que acompanhou o caso a levantarem suspeitas sobre a personalidade da mulher.

‘Koh não era uma psicopata, pelo que vi”, disse ele. “Se ela fosse, eles nunca teriam se casado, obviamente. Como namorada, eu diria até que ela era doce e carinhosa, como qualquer outra namorada normal.’

Uma psicóloga falou sobre a personalidade de Koh, alegando que não vê psicopatia em sua ações.

‘Instabilidade emocional é algo que não se vê em psicopatas. Personalidades limítrofes carecem de auto-estima e muitas vezes exibem tendências impulsivas e autodestrutivas em relação àqueles com quem têm relacionamentos românticos – no caso de Koh, seu ex-marido.’

O CRIME

Em 27 de maio, o irmão mais novo de Kang estava preocupado porque Kang não entrava em contato com ele há 2 dias. A polícia foi contatada pelo rapaz, e logo buscaram se comunicar com Koh, visto que ela era, até onde se sabia, a última pessoa com quem Kang esteve.

Koh se comunicou com a polícia via mensagens de texto, alegando já ter deixado Jeju. Ela acusou Kang de ter lhe agredido sexualmente e disse ter resistido, em sua história, Kang havia fugido e não retornado mais para a pousada. Koh Yu Jeong compartilhou mensagens de texto entre ela e Kang, alegando que tinha ameaçado denunciar Kang por agressão sexual, ao qual ele teria se desculpado e argumentado que ficou chocado por ela ter se casado novamente. Essas mensagens foram provadas como forjadas durante a investigação.

A polícia rastreou o telefone de Kang até um bairro, quilômetros de distância do local em que ele e Koh se encontraram. Seu carro foi encontrado em frente a um supermercado, mas não foi investigado. Como a pousada não tinha câmeras de segurança, a investigação policial não pôde continuar.

Captura de tela da filmagem do local onde Koh e seu ex-marido Kang se conheceram em Jeju. | Grazy TV/YouTube

O irmão mais novo de Kang fez sua própria investigação e encaminhou para a polícia imagens de câmeras de segurança de um prédio próximo. As imagens mostram que Kang entrou no local, mas não saiu. Koh, no entanto, saiu dia 26 de maio com o filho, voltou sozinha e partiu novamente na manhã do dia 27 de maio, supostamente o último dia de sua estadia. Ela tinha duas bolsas grandes com ela e além disso jogou fora dois grandes sacos de lixo.

Captura de tela do que parecia ser uma bagagem pesada que Koh estava carregando. | Grazy TV/YouTube

A polícia, a essa altura, percebeu algo suspeito sobre o desaparecimento de Kang. Apesar disso, Koh ainda estava fora do radar por ter sido cooperativa com as investigações iniciais.

Em 31 de maio de 2019, quatro dias após o registro do desaparecimento de Kang, a polícia entrou no local onde Kang foi visto pela última vez. O teste Luminol mostrou grandes quantidades de sangue no chão do banheiro, na sala, na cozinha e no teto do quarto. A polícia prendeu Koh pelo assassinato de seu ex-marido Kang no dia seguinte, no estacionamento de seu apartamento em Cheongju, província de Chungcheong do Norte, em 1º de junho.

O vídeo do momento causou fúria no público, visto que Koh fala com expressão surpresa que nunca fez nada errado e que na verdade é a vítima. Um oficial de polícia de alto escalão vazou a filmagem para a mídia contra os regulamentos internos relativos às investigações.

Foto: Yonhap

Sob custódia da polícia, Koh mudou sua história, dizendo que Kang tentou atacá-la enquanto cortava uma melancia, então ela o esfaqueou em legítima defesa. Em 4 de junho, a equipe forense tirou fotos e amostras no aluguel de temporada, mas a movimentação irritou o proprietário da pousada. Quando percebeu o que estava acontecendo, pediram permissão para limpar o local, incomodados com a presença da polícia. O pedido foi aceito, o que acabou influenciando negativamente nas investidações.

Quando o novo marido de Koh, Hong, a visitou na prisão, achou estranho que ela perguntasse se a polícia havia levado sua bolsa. Ele procurou a bolsa e encontrou uma receita de Zolpidem, um sedativo do grupo das imidazopiridinas comumente usando para insônia. O marido de Koh Yu Jeong levou a bolsa para a polícia, apresentando a evidência.

Em 9 de junho a polícia confirmou que havia Zolpidem no organismo de Kang após análise de uma amostra de seu sangue.

Se o marido de Koh não tivesse trazido essa informação, é possível que a investigação jamais teria se desenrolado dessa forma. É difícil para os peritos forenses identificar drogas e venenos, porque o sangue das vítimas retiradas pela polícia da cena do crime era de pouca quantidade. Dessa forma, não podiam realizar uma quantidade de testes que bastasse para descobrir o ‘culpado’. Em casos como esse, saber o que se está procurando pode agilizar uma investigação em vários dias.

Foi descoberto o histórico das buscas Koh em seu telefone: sedativos, dose fatal de nicotina, tazer, incinerador, moedor, o peso de ossos e malas de viagem. A polícia conseguiu também descobrir diversos fatores que foram chave para provar que o crime foi premeditado. Koh tinha conseguido uma receira de Zolpidem, para tratar sua insônia, em 17 de maio. (o crime ocorreu dia 25). O proprietário da pousada confirmou que Koh solicitou que ela, Kang e seu filho não fossem perturbados durante a estadia, sendo pertinente ressaltar que era uma pousada sem câmeras de segurança. Três dias antes do crime, Koh foi a um supermercado e comprou uma faca, alvejante, material de limpeza e luvas de borracha.

Captura de tela da filmagem da câmera de segurança do supermercado onde Koh foi vista comprando produtos de limpeza antes do assassinato.

Koh e Kang também estiveram em um parque temático com seu filho, no mesmo dia do crime. Eles foram a um supermercado depois de comprar comida e deixaram o carro de Kang no estacionamento do supermercado, e foi este o local onde o veículo foi encontrado, onde havia uma serra guardada.

Na noite do crime, Koh dopou Kang, supostamente através da janta que havia preparado. Às 21h16, Kang já estava incontatável: seu irmão havia lhe ligado, mas não obteve resposta. Com base nas provas, incluindo os padrões de sangue, Koh esfaqueou repetidamente Kang, que despertou, e temendo pela própria vida, correu para a cozinha, mas sucumbiu aos ferimentos.

Por volta das 21h50, o proprietário da pousada ligou e, na gravação dessa ligação, Koh foi ouvida dizendo ao filho brincando:

Vá para a cama. Estarei lá depois de fazer uma limpeza.

É suposto que foi depois dessa ligação que Kang mutilou o corpo do ex marido, situação em que acabou ferindo sua mão. O ferimento precisou de tratamento, o que foi descoberto da polícia; Koh foi até uma clínica próxima para cuidar de sua mão. Koh usou o seu celular e o celular de Kang para forjar uma conversa entre os dois, onde ela o acusava de abuso sexual e ele estaria ‘frustrado’ por ela se casar novamente. Na ocasião do crime, os membros e demais partes do corpo de Koh foram colocados em duas malas.

Durante uma viagem para Gimpo (27) , onde seus pais moram, Koh se livrou de sacolas com vestígios do crime, tendo jogado partes do corpo no mar e no lico. A viagem não foi apenas para ir buscar seu filho, onde havia o deixado no dia anterior; Koh tinha encomendado uma serra elétrica para ser entregue no local.

Koh foi presa em 1º de junho por assassinato e mutilação de seu ex-marido, Kang. Sua identidade só foi revelada ao público devido ao pedido da família de Kang, pela natureza violenta de seu crime.

Multidão enfurecida tenta atacar Koh Yu Jeong.

Sua defesa tentou acusar Kang de ser um assediador, acusação que foi negativamente recebida pelo público geral. Koh insistiu na alegação de que o crime não foi premeditado e que ocorreu em forma de legítima defesa, mas a promotoria tinha dificuldade em acreditar nessa informação, dado ao imenso número de provas, incluindo o fato de Zolpidem ter sido encontrado em Kang.

Finalmente, Koh foi sentenciada a prisão perpétua, em 20 de fevereiro em 2020, embora a acusação tenha tentado a pena de morte nos tribunais.

“Uma punição pesada é inevitável porque o réu não demonstrou nenhum remorso ou simpatia por sua vítima”, disse o tribunal, dando luz ao fato do público ter ficado chocado com o crime e ao forte estristecimento da família enlutada, visto que Koh insistia que ela cometeu o assassinato no processo de impedir a vítima de estuprá-la. Mais de 210 mil cidadãos Sul Coreanos assinaram uma petição pedindo pela pena de morte para Koh Yu Jeong.

O irmão de Kang comentou sobre a sentença, deixando amargor na boca de quem ouve a história tão brutal. Ele relatou já não sentir mais fome e não conseguir dormir desde a noite do acontecido:

Dados os comportamentos da réu, planejando o assassinato, executando-o de maneira brutal e culpando a vítima por sua ação, a prisão perpétua é uma sentença muito leve para ela.

O rapaz relatou ter gastado dias procurando o corpo do irmão em florestas e outros locais “eu não aguentaria ficar sem fazer nada”.

Conhecido como ‘assassinato de Jeju’, o caso comoveu muitas pessoas. Koh Yu Jeong se tornou um símbolo de ódio para a nação. Elementos chave como a preocupação do irmão mais novo de Kang e a colaboração do marido de Koh levaram o caso adiante, e talvez, se não fossem essas duas situações, o julgamento tivesse sido atrasado em vários dias. A mídia e o público criticaram severamente a polícia, alegando que o descarte das partes do corpo de Kang poderia ter sido evitado, visto que, ao tentarem entrar em contato com Koh no dia 27, não fizeram questão de encontrá-la pessoalmente, dando assim espaço para que se livrasse das provas e do corpo do ex marido.

O corpo de Kang, que foi brutalmente mutilado, jamais pôde ser encontrado. Alguns de seus ossos foram encontrados em um centro de reciclagem, em Incheon, que se encontra do outro lado do país. O funeral ocorreu apenas com fios de cabelo, encontrados no boné favorito de Kang. Sua família guarda o boné junto de livros e brinquedos que Kang gostaria de ter lido e presenteado seu filho.

Fonte: (1) (2) (3), (4), (5)

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