Vítimas do imperialismo japonês no começo do século XX e como suas histórias moldaram relações entre países.
A brutalidade do governo japonês com os países do leste asiático, que prevaleceu do final do século XIX até o final da segunda-guerra, traz consequências entre as relações sócio-políticas hoje. Neste artigo, iremos abordar uma dessas brutalidades que o Japão praticou antes e durante a segunda-guerra: As “mulheres conforto”, mulheres que foram forçadas a prostituição pelo exército japonês.
De acordo com documentos históricos, esses “centros de conforto” começaram em cerca 1931, na China, durante as tensões pré-segunda guerra sino-japonesa que durou de 1937 até 1945. Os centros de conforto começaram com mulheres que se voluntariavam para prestar serviços sexuais aos soldados, mas com o aumento do território ocupado pelos japoneses, mulheres de países como Filipinas, Malásia, China e a Coreia começaram a ser “enganadas” por pessoas que prometiam empregos para trabalhar fábricas, ou prestando serviços de babá ou cozinheiras, e eram levadas para esses centros de conforto nos acampamentos japoneses.
Nesses centros, mulheres eram muitas vezes drogadas com ópio e eram estupradas todos os dias por centenas de militares todos os dias. A idade dessas mulheres variava, mas meninas de 13 e 14 anos foram levadas para esses centros.
No depoimento de uma das sobreviventes, Kim Bok-Dong, para o canal “Asian boss”, ela conta que soldados fariam filas do lado de fora de onde ela e outras meninas ficavam e, dependendo do dia da semana, elas ficariam das 8 da manhã até 5 da tarde com homens invadindo seus corpos. Ela também conta como os japoneses esconderam a existência desses centros em Singapura, os mascarando como hospitais do exército, em que as mulheres tinham que fingir trabalharem como enfermeiras.
Com as derrotas e a desocupação de territórios pelas tropas japonesas, mulheres eram assassinadas ou abandonadas nesses centros. Muitas delas voltaram para casa apenas anos depois e algumas nunca conseguiram voltar para seus países de origem. Além do trauma mental e físico que elas carregariam para o resto de suas vidas.
O governo japonês se recusava a admitir a existência esses centros, muitos diziam que as mulheres foram para os centros por livre e espontânea vontade e, mesmo com processos das vítimas e de organizações dos direitos humanos, somente em 1992 com a descoberta de documentos que esse assunto veio à tona.
Em 1993, o secretário chefe disse que “Direta ou indiretamente o Japão estaria envolvido com a criação e organização desses centros ”, mas o governo japonês ainda dizia que as alegações eram exageradas. Até que somente em 2015, o primeiro ministro japonês apresentou um pedido público de desculpas, junto com uma doação 1 bilhão do yens (cerca de 5 milhões de reais) para fundações que amparam as vítimas.
Mesmo com as desculpas, muitos coreanos acreditam que foi uma desculpa “da boca para fora”, uma vez que os japoneses continuam a negar e ensinar o que realmente aconteceu para as novas gerações. Há poucas sobreviventes vivas hoje, porém, seus legados viverão para sempre.