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Invasão de privacidade e limites entre fãs e idols

Depois de certo tempo consumindo música asiática, é possível que todos nós passemos por momentos inexplorados que nos pintam de indignação. Na indústria do K-pop existe uma assustadora cultura de obsessão, fomentada pelas empresas e pela lógica de objetificação dos artistas. Mais comumente observado dentro da Ásia (Por motivos geográficos, apenas), a categoria de fãs ‘sasaeng’ esteve muito marcante nas primeiras gerações do K-pop, e ainda continua cruel, mesmo que em menor quantidade. 

Em 2011, durante um show do Girls Generation, um homem invadiu o palco e tentou raptar Taeyeon. Ele a puxou pelo braço e as outras membros tiveram que a socorrer.

 
O boygroup EXO é um dos grupos que mais sofreu perseguição em sua carreira. Os rapazes já tiveram seu hotel invadido diversas vezes e quase foram raptados.

Ser fã de K-pop, cada vez mais, vem se tornando um teste de caráter. Seus valores e sua paciência são postos à prova, principalmente na internet, onde parece não haver consequências. Apesar da maioria concordar que a permissividade não exatamente quer dizer que temos o direito de invadir o espaço de alguém, existem exceções e casos bizarros nesta categoria. O grande questionamento surge quando não é possível entender de onde vem esses comportamentos — Não apenas os de perseguição direta, mas também destruição de carreiras inteiras por um simples rumor de namoro ou outras situações naturalmente humanas, as quais os idols são vetados por imaturidade dos fãs.  
Alguns fatores que favorecem essa cultura e perseguição de artistas, são basicamente a desumanização  e a permissividade por parte das empresas . Quando se tornam idols, muitas vezes os indivíduos são esvaziados para vender sua música com mais facilidade — Quando a personalidade é fabricada, fica mais difícil enxergar que por trás de um ídolo existe um ser humano com preocupações e sentimentos como qualquer outro. Além disso, existe um imaginário de que grupos idols devem extrema dedicação aos seus fãs, que são sua prioridade— Afinal, os fãs sustentam a carreira de seus grupos, e portanto os integrantes os devem o pertencimento
Podemos ver isso em diversos posts no Theqoo e no Pann. Quando posts perguntam se os fãs se sentiriam mal caso o bias dissesse que estava namorando, a maioria esmagadora dos comentários diz que sente ódio ou tristeza só de imaginar, pois apesar de saberem que é marketing, acreditam no fanservice.
O segundo fator, depende das agências. Alguns dos fatores que contribuem para a Apesar de ser um universo um tanto questionável, a indústria do K-pop utiliza de diversos recursos para gerar aproximação entre ídolo e fã — Reality shows, vlogs, bastidores e programas de variedade são apenas alguns dos exemplos — Não é incomum que nós fãs tenhamos acesso à vista dos dormitórios e quartos dos artistas, de dentro das empresas e até mesmo camarins. Essa aproximação, apesar de parecer proveitosa e inofensiva, pode ser perigosa, considerando que não há limites impostos ao “amor de fã”, principalmente na visão dos fãs nacionais, que são os que vivem mais próximos dos ídolos. 
Claro que não pode-se dizer que os fãs denominados ‘sasaeng’ também não sejam vítimas da indústria, que é cruel e não oferece segurança o suficiente para idols e, tampouco para seus fandons. No recente drama da KBS, Imitation, vemos cenas de perseguição explícita ao idol Kwon Ryeok (Interpretado por Lee Junyoung), incluindo invasão a hotéis, surtos de ciúmes dos fãs e caça de automóveis. O drama em sua totalidade, expõe diversos momentos absurdos do relacionamento entre os grupos e seus fãs, além de também mostrar diversas dificuldades da vida de idol e a influência da visão externa do público. 

 
Vale citar que, antes da tomada de medidas legais virar padrão mínimo para a segurança dos jovens cantores, os escândalos de sasaeng eram maiores. Não significa, no entanto, que ainda não aconteça. Muito comum nos anos recentes são os Cybercrimes, invasão de computadores e celulares. Vazamentos de conversas, fotos e até mesmo números de telefones ainda acontecem com frequência. Esse tipo de atitude pode gerar traumas irreversíveis em suas vítimas. 
Recentemente, houve a criação de aplicativos de interação direta com idols. Tirando o bubble, os outros são gratuitos e servem para aproximar ídolos e fãs, online. 

Você consegue imaginar ter que acordar cedo pela manhã, passar horas ensaiando, viajando para estúdios, performar o dia inteiro em music shows, rádios, fazer entrevistas e ainda ter que fechar o dia em uma chamada de vídeo onde os fãs lhe pedem para fazer o mais variado tipo de coisa absurda? Ou ter que usar seu aniversário para fazer uma live para milhares de pessoas, enquanto você provavelmente só queria um dia de folga. Knetz falaram sobre como tais aplicativos podem ser tóxicos.

Antes do Bubble existir, eu jamais imaginei o dia que eu teria que pagar para idols se comunicarem kkk, que merda é isso? kkk Eles estão arruinando a naturalidade dos idols.

 

É estranho no momento em que começamos a tratar interações como negócios. É como forçar idols que não usam plataformas de comunicação a se comunicar kkk. No passado, nós nem ligavamos em não saber o que eles faziam em seus intervalos.

Fãs mais experientes já sabem das diversas situações que aconteceram no Kpop, como cartas escritas com sangue, bebidas envenenadas, perseguições de carro e ligações persistentes. Muitas vezes os próprios idols denunciam esse tipo de comportamento, implorando para que não sejam incomodados, como aconteceu com o TWICE durante um Vlive. Por vezes, a própria empresa decide tomar providências, em 2021, temos três exemplos: Quando a SM informou que aespa não aceitará mais presentes, incluindo comida; quando a Cre.ker pediu para que parem de visitar indevidamente o dormitório do The Boyz; e quando a RBW pediu para que não invadam a privacidade do Oneus.
No futuro, a expectativa é que haja uma rede de conexões mais saudável entre ídolos e fãs, onde todos se sintam seguros para interagir, entrar e sair de lugares e serem livres para se mostrarem de verdade ao público. Com a evolução da indústria, esperamos que seja possível celebrar música antes da imagem e de reputações. 
 
Fontes: (1)
 

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