Influenciados por grandes nomes do rock e trazendo um conceito que remete ao início dos anos 90, a banda vem impondo sua identidade na indústria musical
Eu poderia começar esse texto falando que o The Volunteers é uma banda coreana de rock composta por quatro integrantes, que lançou o primeiro EP em 2018, chamado Vanity & People, e que só teve seu debut oficial e lançamento em todas as plataformas digitais de música em 2021, com o álbum The Volunteers, mas eu prefiro começar de outra maneira, com um relato pessoal.
Eu não me lembro muito bem quando nem como ouvi sobre essa banda pela primeira vez, mas acho que foi logo que me tornei fã da Yerin Baek — sim, a Yerin da saudosa dupla 15& com a Jamie Park e dona de muitos hits, entre eles o emblemático Square (2017) —, que coincidentemente é vocalista do The Volunteers e dona da empresa que gerencia a carreira deles (e a carreira solo dela própria), a Blue Vinyl. É, provavelmente foi por isso. Não me lembro muito bem onde foi que ouvi uma música do The Volunteers pela primeira vez, também. Mas o que eu me recordo muito vividamente é a sensação que eu tive logo que os primeiros acordes de “Violet” encheram meus ouvidos e foram acompanhados pela voz magnificamente singular que a Yerin tem. Naquele exato momento, eu soube: aquela musicalidade era inédita no rock coreano. E eu precisava prestar atenção nessa banda.
Primeiramente, é preciso ressaltar que a indústria de bandas na Coréia é um dos nichos mais plurais e diversificados de todos. Os conceitos e gêneros vão desde pop-rock, indie rock, soft-rock, e até bandas mais acústicas, que apostam mais em piano e violão e contam até mesmo com instrumentos tradicionais da Coreia ou de orquestra clássica em sua formação. É preciso ressaltar também que essa indústria não é muito divulgada no mainstream do K-Pop. Apesar de grandes nomes como FT Island, CNBlue, N.Flying, Day6, Onewe, e agora os recém-debutados Xdinary Heroes saírem da bolha e serem parte desse cenário mais “idol”, as bandas ainda são muito deixadas de lado, seja pela estrutura dos programas de música que são feitos nos moldes para suportar a logística de grupos, e não bandas, seja pelo interesse dos fãs, que é mais voltado para a indústria idol em si. O fato é que, apesar de existirem programas como o Superband, da emissora JTBC, e o survival Great Seoul Invasion, da MNET, ainda falta espaço para as bandas crescerem na indústria coreana.
Porém, não é esse pequeno-grande-detalhe que impede as bandas da Coréia de fazerem um trabalho majestoso em conceito, criação, composição, e performance. E uma das bandas que se voluntaria a ganhar um espaço especial nas suas playlists é definitivamente o The Volunteers.
A formação é composta por quatro integrantes: Yerin Baek, nas posições de vocalista e guitarrista, Cloud no baixo, Chiheon na bateria, e Jonny na guitarra. Juntos, os quatro apostam num conceito bem específico para o primeiro full album, que carrega o mesmo nome da banda: The Volunteers.
A faixa “Radio”, presente no álbum, foi o single lançado um ano depois do EP Vanity & people, que veio ao mundo ainda em 2018, porém em forma de lançamento não-oficial na plataforma SoundCloud. Com a estreia oficial, em maio de 2021, as músicas contidas no EP foram adicionadas ao álbum e lançadas nas plataformas de streaming de música, juntamente com composições inéditas, todas creditadas no nome de Yerin Baek, que compõe as canções do The Volunteers em inglês, assim como faz com algumas faixas de seus álbuns solo.
A banda se influencia por grandes atos do rock mundial, como já foi dito, entre eles Avril Lavigne, Oasis, Tokyo Jihen, The Beatles e Red Hot Chilli Peppers. Com um conceito e sonoridade que remetem muito ao começo da década de 90, o The Volunteers usa não só do conceito visual e instrumental dessa era, mas aposta também em músicas e videoclipes que trazem à tona a rebeldia jovem evidenciada naquela época.
De acordo com entrevista da própria vocalista Yerin à Bandwagon juntamente com os outros integrantes da banda, todas canções do conjunto musical compartilham de um senso de rebelião contra a sociedade ou algum fenômeno dela. A vocalista ainda completou dizendo que escreveu as letras pensando estar “fazendo o que deve ser feito no rock”.
E essa fala da Yerin resume bem o que a banda vem fazendo, não só na questão musical, mas também visual e de performance ao vivo. Eles fazem o que deve ser feito. Os videoclipes do The Volunteers são ótimos, as performances ao vivo são enérgicas e arrebatadoras, e a criação musical deles é singular.
O trabalho mais recente da banda, o single New Plant, que conta com duas faixas, “New Plant” e “Hypocreep”, nos dá um gostinho do que devemos esperar para o futuro do The Volunteers: visuais impecáveis, seja no quesito visual da banda em si, ou dos teasers, design de conteúdo nas redes sociais e identidade visual, seja na produção dos videoclipes, além de shows memoráveis, como o “This is TVT Club”, que já conta com performances ao vivo das duas canções recém-lançadas, e, é claro, a rebeldia contida nas músicas e que chega a ser irônica ao ser cantada por uma voz tão doce como a de Yerin.
Em suma, o The Volunteers é uma banda extremamente talentosa e fiel aos conceitos, que levanta com orgulho a bandeira do rock com essa pegada mais retrô e faz um trabalho muito adequado dentro da indústria. É certamente um ponto fora da curva nesse enorme mar de artistas talentosíssimos, e uma atração imperdível que precisa ser adicionada nas playlists mundo afora. Ainda há muito o que explorar. A jornada musical do The Volunteers está só no começo, e promete entregar ótimas obras. Vale a pena ficar de olhos e ouvidos bem atentos.
