Aproveitando o hype após o lançamento do trailer de “Península”, sequência de “Train to Busan”, vamos falar do filme sul-coreano que foi fenômeno de sucesso em 2016 e que atualmente se encontra disponível no catálogo da Netflix. Pode conter alguns spoilers!
Sua sinopse no serviço de streaming é: “Enquanto o país é assolado por uma epidemia de zumbis, pai e filha partem em uma jornada de trem angustiante tentando chegar à única cidade que ainda não foi afetada.”, e, se fossemos nos deixar levar apenas por ela poderíamos dizer que não passa de mais um filme clichê de zumbis onde a sobrevivência é o principal objetivo, mas, na contracorrente disso, “Train to Busan” (ou Busanhaeng em tradução romanizada do coreano) nos mostra ser muito mais do que isso fazendo até mesmo pessoas que não gostam do gênero de terror com zumbis (ou como eu que tenho fobia deles) amarem o mesmo.
Os aspectos técnicos são de arrepiar, utilizando de uma paleta de cores frias em momentos tensos e aterrorizantes, que são a maior parte do filme, e cores quentes apenas nas cenas com a menina (soo-an) ou com a moça grávida (Seong-kyeong), talvez para representar o final das duas desde o começo do filme (?). A direção de arte e a direção geral são impecáveis ao conseguir fazer com que um filme que se passa, na sua maior parte, dentro de um único trem, ter uma variedade de enquadramentos e perspectivas, além é claro da parte sonora do filme e de sua fotografia que são espetaculares, e das atuações que são a cereja do bolo.
A forma como a história se constrói e desenvolve ao decorrer do filme utilizando da metáfora ja batida sobre zumbis mas que mesmo assim consegue trazer o novo para o mesmo é de cair o queixo, “Se o longa, em termos narrativos é bem direto e objetivo, não necessitando dar explicações acerca daquela epidemia. Em termos emocionais não desperdiça nenhuma chance de usar uma música melodramática, uma câmera lenta num momento dramático, ou até mesmo uma frase de efeito apelativa.
Bem verdade que essa é uma característica bem sul-coreana, o final redentor através de um amor de total abnegação é extremamente próprio de uma espécie romantismo oriental muito presente nos filmes e séries da Coreia do Sul.” ja diria Giovanni Rizzo em sua crítica no site observatório do cinema.
Com uma narrativa que consegue trazer novidade ao gênero tão antigo, que teve seu início lá em 1932, em uma mistura de “O Expresso do amanhã” com “The walking dead” e em um paralelo com a situação atual do mundo quanto ao Corona Vírus que começa com uma pessoa que simplesmente não respeitou a quarentena (prevendo o futuro talvez?), Yeon Sang-ho consegue fazer jus ao sucesso quase que instantâneo que o filme teve em 2016 e que deve continuar por anos. Será que “Península” chegará aos pés do primeiro? Só nos resta esperar para saber.
