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ADOLESCÊNCIA, VIOLÊNCIA ESCOLAR E SAÚDE MENTAL: A IMPORTÂNCIA DA JUVENTUDE NA INDÚSTRIA

Chegando ao final de 2019 é impossível não dizer que esse ano desandou. Foi um ano difícil, sem dúvidas e, cada vez mais se torna necessário o debate sobre saúde mental e pressão midiática. A comunidade fã de música pop asiática segue regada de mesquinharia e intrigas desnecessárias, mesmo tendo encarado uma grande crise considerando os tristes acontecimentos do último semestre.
Enquanto a fanbase se atenta pouco, ou seletivamente para questões importantes como suicídio, depressão e violência, artistas emergentes fazem questão de levantar a bandeira da discussão, ainda que precária diante este tipo de tema. Antes de qualquer outra coisa, é preciso levar em conta que, a maioria esmagadora dos fãs de k-pop estão passando justamente por uma das fases mais difíceis de sua vida nesse exato momento: a adolescência. E, em uma fanbase majoritariamente formada por adolescentes, é inevitável falar sobre mudanças, saúde e violências. Não por coincidência, os artistas selecionados como grande catalisadores da reflexão sobre os temas comtemplados pelo título deste texto, são todos de formação bem recente.
Em “Hello, Strange Place“, sequência de seu álbum de debut, o boygroup novato CIX narra a história de seus cinco personagens, alunos do ensino médio tentando lidar com problemas como bullying, depressão, suicídio, perda de entes queridos e o descaso dos pais – vale ressaltar a atenção e o cuidado que a empresa (C9 entertaniment) tomou para lidar com tais temas, priorizando a segurança dos membros e, emitindo avisos de gatilho no início de cada um dos vídeos.


A empresa de entretenimento, C9, deixa este aviso de gatilho no início de cada um dos vídeos.

O personagem principal da trama é Kim Yonghee (membro do quinteto), que sofre violência física e psicológica por agressores em sua escola, além de lidar com uma grande pressão e uma eterna busca pela grade perfeita de notas. Conhecemos Yonghee e, em sequência conhecemos os outros membros do CIX, todos inseridos naquele universo chamado Strange Place, mas o que acontece quando o tal “lugar estranho” é a escola? Qual a importância deste album em um país com um dos sistemas educacionais mais competitivos do mundo? E, como a história de Yonghee, ainda que fictícia, retrata em áudio e vídeo as estatísticas que colocam a Coreia do Sul dentre os países com maior número de suicídio anuais?


Na narrativa dos vídeo teaser, o personagem de Yonghee tenta suicídio após enviar mensagens de texto para sua mãe, ocasionando outras reviravoltas na estória.

Para além dessas questões, os filmes teaser do CIX ainda nos trazem a realidade de outras milhares de pessoas, através dos personagens de Seunghun, que perde sua mãe em um acidente de carro e, Hyunsuk, que ficou cerca de dois anos sem ser respondido por seu pai em um aplicativo de mensagens – quando ele finalmente consegue marcar seu encontro, o pai não aparece e o garoto vai embora sozinho.
Todos vídeos extremamente tocantes e dolorosos, mesmo que com tão poucas palavras.

Em “Numb”, o CIX denuncia a crueldade do sistema educacional e a pressão pela qual os jovens passam.

A parte musical do álbum faz uma ponte interessante com a temática dos vídeos, em suas letras e até mesmo performances. Em black out, a abertura do EP, vemos o retrato da desesperança e desmotivação de uma pessoa claramente passando por um momento difícil, em segmento temos ‘Numb’, carro chefe do lançamento, que serve de denúncia para o sistema educacional extremamente punitivo, que o tempo todo busca uma perfeição utópica e massacra quaisquer indivíduos que não a alcançam.

Um rosto jovial
Não tem expressão alguma
Ao invés de sonharem
Eles aprendem a desistir […]
Esse lugar
Já se tornou o inferno
A criança que não foi pisoteada ainda
Provavelmente será pisoteada em breve
CIX, Numb

O álbum temático continua com rewind, que exibe o arrependimento do agressor perante uma situação de bullying ou violência (como no arco dos mini filmes), enquanto bystander nos dá perspectiva sobre outro personagem da história – o espectador – aquele que assiste de camarote o desastre acontecendo mas se posiciona passivamente, podendo ser interpretado até mesmo como a própria sociedade que se recusa a assistir problemas da juventude. Como fechamento temos Maybe I, que fala sobre uma ansiedade sobre o futuro e a necessidade de um bom ouvinte em momentos de crise.
O trabalho mais recente do CIX apenas reforça a importância da participação e da escuta à juventude e suas questões: os jovens merecem ser ouvidos, jamais negligenciados.

“Tudo vai estar bem?
Essa é a resposta certa?
Eu estou te perguntando hoje […]
Eu não quero escrever sobre isso, eu só quero viver
Eu só preciso de alguém que se importa, e de alguém que escute
Só me escute, ou talvez faça mais que isso
Só me deixe entrar, me deixe explorar
CIX, Maybe I

Os meninos do TXT partem de uma abordagem próxima em run away (lançada em novembro de 2019), utilizando uma proposta semelhante da de seu grupo irmão de empresa BTS (2013), em N.O, criticando o sistema educacional e liderando uma revolta estudantil que se opõe a essa lógica e incentiva fugas, mas ao mesmo tempo convive com as aflições da falta de apreço pela vida e, o anseio por uma liberdade de escolha conduta que a eles foi negadas.

‘Runaway’ faz um apelo de insatisfação da juventude perante a sociedade e, revela a intenção de fuga da normalidade.

Ambos CIX e TXT iniciam suas narrativas dentro do ambiente escolar, enfatizando os maus tratos que os estudantes sofrem durante este período, uma série de abusos que se acentua no ensino médio.
Run away, sendo não apenas um dos singles mais bem construídos dos últimos tempos, também traz uma temática interessante de voz ativa à juventude: uma juventude que não se sente atendida pelas circunstâncias e pelas pessoas a sua volta e, preferem fugir, sair de sua zona de conforto e buscar sua redenção procurando primeiramente a si mesmos. O misticismo das referências a Harry Potter e a jaqueta do album físico voltada ao tema “magia” também revelam uma clara intenção dos meninos neste escapismo, no caso fuga da realidade ou normalidade.

Parece que todo mundo está feliz, menos eu
Dói mais quando eu sorrio do que quando eu choro
Embora eu tente segurar todo dia, embora eu tente aguentar
Mas não está funcionando tão bem, eu preciso da sua mão agora […]

Por favor, seja minha eternidade, chame meu nome
Fuja, fuja, fuja comigo
TXT, Run away

Em New rules, o TXT canta sobre sua sutil fuga às regras da escola e, dizem na letra sobre querer ser um rebelde, que dentro da música pode insinuar a forma como a sociedade enxerga pessoas deslocadas do padrão de “bons modos” socialmente aceitos.
Dentre as demais faixas, Magic island é a que mais me chama atenção, a música fala sobre se refugiar nos próprios pensamentos e, procurar apoio em pessoas próximas. O LP lançado pelo quinteto novato da bighit também trás faixas como Can’t we just leave the monster alive?, em uma brilhante metáfora medieval com dragões e cavernas, faz um ensaio fantástico sobre aceitar os problemas da vida (os monstros) e, conviver com eles da melhor forma possível, adicionando certo conformismo e talvez amadurecimento, ainda que em fase de negação.

Jogue fora todas as armas
Mesmo se eu desistir das estatísticas
Não podemos simplesmente manter o monstro vivo?
Você pode ser o herói
E eu serei o monstro agora […]

Eu tenho que quebrar esse estágio, me tornar adulto […]
Vai ficar tudo bem
TXT, Can’t we just leave the monster alive?

Com a melhor das intenções, os grupos rookie em 2019 se fizeram presentes nessa grande luta pela conscientização e assistência a casos de desamparo emocional, não apenas dentro da fanbase, mas também para fora da curva de consumo a qual o k-pop interessa. A indústria da música pop sul coreana possui caráter excludente, além ser repleta de preconceitos e conservação de valores retrógrados mas, considerando os acontecimentos dos últimos anos é importante romper com a lógica de culpabilizar apenas um dos responsáveis: a indústria tem culpa mas jamais se deve desconsiderar os fatores para fora dela.
Seres humanos de qualquer raça, gênero, sexualidade ou profissão merecem ser ouvidos e cuidados, merecem se sentir representados e acolhidos em sua respectiva sociedade. O grande desafio da juventude é se fazer presente e escutada em espaços decisivos e, como já comprovamos, essa galera possui disposição e criatividade para agir em coletivo, para incomodar gente grande e revolucionar nossas estruturas.
Coletivamente, é importante refletir sobre nossas ações na vida das pessoas, sobre como queremos ser vistos e até mesmo lembrados.
Vivemos tempos difíceis e, existe espaço para muitos Yonghee’s dentro deste vasto planeta conturbado.
Espero que, alguém lendo este texto se sinta ao menos notado, ou observado pelas minhas palavras. Você importa! Você está fazendo um ótimo trabalho. Se estiver passando por dificuldades, por favor, aguente firme, procure ajuda profissional, tente tomar um ar de em quando. Vai ficar tudo bem.

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