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Top 20 Crítica Social F*da: Os vencedores e os motivos de suas indicações.

Ontem (18) foi publicado no nosso twitter um TOP 20 baseado no voto do público, que engajou mais de 160 mil votos, para decidir as melhores canções com críticas sociais já lançadas no Kpop. Confira abaixo os vencedores e as escolhas pessoas da redatora.

1) B.A.P – Wake Me Up

O B.A.P deixou sua marca na indústria do K‐pop como um grupo que constantemente flertava com a crítica social em seus trabalhos. Nossa campeã do TOP20, ‘Wake me up’ explícita uma sociedade doente, preconceituosa, manipulável e em uma constante corrida por mérito. A letra, logo em seus primeiros versos traz à tona os anseios de uma população que não é de fato livre, pois está induzida a sonhar e viver dentro de padrões.

2) (G)I-dle – Oh My God

Considerada por muitos como um hino sáfico, Oh my god ganhou notoriedade por sua letra e seu vídeo musical que retratam os empecilhos da comunidade LGBTQIA+, sob protagonismo de uma personagem que ama outras mulheres. No centro da obra, temos a estética doentia e arcaica, que crucifica o relacionamento do qual a música fala, em contrapartida com o refrão onde temos os versos “Oh meu Deus/ Ela me levou para o céu./Oh meu Deus/ Ela me mostrou todas as estrelas.” que dão lugar à liberdade e ao êxtase sob os quais a eu lírico foi submetida.

3) ITZY – Wannabe

Em uma sociedade mergulhada em padrões estéticos e comportamentais, o ITZY reivindica seu espaço através do discurso de autoaceitação desde sua estreia com ‘Dalla Dalla’. Em ‘Wannabe’, o girlgroup utiliza o termo no título para fazer menção à gíria popular que basicamente quer dizer ser aspirante a alguma coisa ou alguém, como forma de insinuar que algo não é original ou único. Partindo disto, as integrantes cantam que querem ser simplesmente elas mesmas, independentes de qualquer julgamento e que, ao contrário do significado original, não estão aspirando serem outras pessoas.

4) CIX – Numb

Ainda em seu primeiro ano de carreira, o CIX (C9 Ent.) lançou o carro chefe de seu segundo álbum ‘Numb’, criticando o sistema educacional e evidenciando as consequências da pressão exercida sobre os alunos. Além disso, outras faixas do mesmo EP (Hello Strange Place) ajudam a contar a história do personagem principal da trama – Um estudante do ensino médio que sofre diversos episódios de violência. As músicas, em conjunto com os short films e o vídeo musical, abordam temas como bullying, exclusão, entre outros. Um projeto muito ambicioso que você pode ler com mais detalhes em:
https://npomv.com/adolescencia-violencia-escolar-e-saude-mental-a-importancia-da-juventude-na-industria/

5) Stray Kids – Side Effects

Nessa faixa, Stray Kids brinca com as palavras mais uma vez. Usando medicamentos e uma simples dor de cabeça como metáfora para os problemas e o estresse vivido por muitos jovens hoje em dia, reforça como Stray Kids é engajado em contar suas histórias pessoais a partir de seus lançamentos.

6) Dreamcatcher – Scream

Scream é a primeira entre as três faixas do grupo que aparecem no top, as 3 da seria Dystopia. Scream relata o sentimento da pessoa que está sofrendo com as críticas e o bullying da sociedade, e como se sente sufocado com as palavras ácidas. No fim, o começo de um sentimento vingativo começa a surgir.

7) Pentagon – Basquiat

Jean-Michael Basquiat foi um artista estadunidense nascido na década de 60. Basquiat era grafiteiro, morou nas ruas e possuía um estilo único e genuíno, conquistando o mundo até hoje com sua identidade artística, além de ser conhecido como um grande provocador social e por lutar contra o preconceito racial – Sua intenção era causar desconforto aos preconceituosos e denunciar a hipocrisia. O Pentagon se inspirou no artista para a música de encerramento no reality show ‘Road to Kingdom’ (2020), na performance, os integrantes representam guerrilheiros na frente de um imenso telão que diz “Resisto ao olhar criado pelos tempos. Eu mesmo faço e coloco a coroa.” dando a entender que eles mesmos, com sua liberdade e grandeza, fabricariam a coroa para si mesmos. Para contextualizar, vale lembrar que o reality show era centrado na ideia de que o vencedor usaria a coroa de ‘rei’ ou próximo rei da indústria – Por outro lado na letra de basquiat, o líder do Pentagon deixa claro que a coroa seria insignificante para o grupo, pois eles mesmos se coroariam.

8) CLC – No Oh No

Apesar da estética fofa e juvenil, ‘No oh no’ é uma faixa de extrema importância. A música fala basicamente sobre consenso, sexualização infantil e assédio – coisas que fazem parte (principalmente) do cotidiano feminino. É sabido que existe um estigma social que leva meninas a amadurecerem mais rápido e serem adultizadas desde muito novas e, tendo em vista esse tipo de situação incômoda, CLC lançou No Oh no dando uma verdadeira aula sobre consentimento em versos como: “Meu cabelo é longo e reto e uso calças apertadas
Por causa disso pareço mais velha? (…)
O que você está pensando.. Pare
Eu não sei, eu ainda não aprendi
É minha primeira vez
Eu nunca tentei fazer isso/ Apenas me deixe sozinha (…) “

9) Sunmi – Noir

“Nós estamos no escuro, já não existimos mais” – Esse é o refrão da faixa ‘Noir’ da solista icônica Sunmi. A música, sob caráter experimental, crítica nossa realidade robotizada e banalizada pelas redes sociais. Em seu vídeo musical, vemos Sunmi em uma jornada para aumentar seus seguidores e número de curtidas no Instagram, não importa o quão absurdo ou genérico seja o conteúdo postado. Quando na música ouvimos que “não existimos mais”, o que entendesse é que não há mais verdade em existir e não há sofrimento que não possa se tornar banal na internet, onde tudo que importa é sua aparência, o dinheiro que se gasta e os números que se alcança.

10) Everglow – La Di Da

La Di Da é um grito do Everglow em explanar como os idols sofrem com a exposição na internet. A música é um ‘clap back’, mencionando como com o sucesso e a vida atarefada, idols não se importam com as opiniões de pessoas de mente pequena.

11) IU – Bbibbi

A solista IU começou sua carreira jovem e com certeza já passou por diversos episódios absurdos com pessoas mal intencionadas. Em sua música ‘Bbibbi’, a pop star canta sobre invasão de privacidade e limites que devem ser atendidos por fãs e seu público geral. A cultura de invasão da privacidade dos ídolos ainda é muito forte na Coreia do Sul e, vemos situações de perseguição e assédio com frequência, por isso, a temática é indispensável dentro da indústria.

12) ATEEZ – Thanxx

O ATEEZ possui uma trajetória um tanto notória no quesito convidar o público para revolucionar espaços, seja com performances, músicas ou vídeos. Em THANXX, a crítica começa logo no primeiro verso, quando canta-se sobre a juventude ser controlada por adultos e suas visões datadas de mundo. No refrão, os garotos cantam algo como “Não se preocupe, eu estou bem/ Eu vou fazer meu próprio caminho.”, rejeitando o ideal que os foi imposto e voando livres em direção ao próprio destino, que pode desagradar alguns, mas isso não é problema para eles. Diferente da maioria, o ATEEZ não está no automático para dizer ‘Sim, senhor’ e apenas seguir ordens.

13) Dreamcatcher – Boca

Boca é a continuação de Scream. Nessa faixa, o grupo opta por contar a história de alguém que já está farto do ódio e da forma como a sociedade se comporta, agindo assim como uma espécie de super heroi e fazendo os haters finalmente calarem a boca.

14) BTOB – It’s Okay

It’s Okay é uma obra crítica no MV, e não exatamente na música. O MV relata cenas de dificuldade dos membros do BTOB, cada um luta com um problema diferente imposto pela sociedade, seja a solidão, a falta de reconhecimento, a luta entre equilibrar trabalho e estudos, dificuldades financeiras, etc. O grupo, no fim, mostra que conseguem superar tais adversidades.

15) Dreamcatcher – Odd Eye

Por fim, Odd Eye completa o trio Dystopia do Dreamcatcher. É uma faixa que precisa ser analisada mais a fundo, mas relata as dificuldades em enxergar a luz no fim do túnel após cometer um erro.

Caindo cada vez mais fundo, veja
Tudo parece uma mentira plausível
Coberta por doçura, woo
Olhos que destroem limites
Desespero que me opõe até o final
Será que não existe um final?

16) BLACKPINK – You Never Know

O girlgroup poderoso da YG também já provou diversas vezes que não estão abertas a críticas inconstrutivas, comentários maliciosos e censuras. Em seu último álbum (The Album, 2020), uma das b-sides é “You Never Know”, que fala sobre o sofrimento de pessoas públicas e injustiças da mídia para com os artistas. As pessoas estão sempre em seu direito de julgar, mas não deve-se ignorar o fato de que conhecemos muito pouco sobre os bastidores da fama e as dificuldades enfrentadas para o alcance do estrelato.

17) BTS – Spine Breaker

Em Spine Breaker, o BTS denúncia o classismo da Coreia do Sul, além de criticar o consumismo e a cultura de massas. A expressão ‘Spine Breaker’ é utilizada para se referir a adolescentes de classe média que pedem itens caros a seus pais, que precisam ‘quebrar as costas’ para pagar as despesas dos filhos, em função do materialismo e da sensibilidade às tendências impostas pelas massas. Na letra, o grupo menciona que as pessoas perdem o bom senso e o livre arbítrio, sendo dominados ideologicamente pela mídia, pelos grandes grupos e pelas tendências. Não bastando, também fica claro que existe uma aversão ao classismo, já que é reprovável a ideia de que o valor de cada um é definido pelo preço de suas roupas, não importando o nível da sua arrogância ou soberba.

18) CLC – Devil

Marcando presença mais uma vez na lista, temos CLC, dessa vez com Devil. A música descreve o comportamento feminino e dócil esperado das garotas pela sociedade e refuta essa premissa ao fazer piada com a própria rejeição da mesma. Todos os dias presenciamos situações onde mulheres são literalmente demonizadas ou diminuídas por serem ‘impróprias’; vale ressaltar que o boicote para artistas femininas pós-escandalos é sempre mais severo que para artistas masculinos. O CLC também costuma explorar a sensualidade em seus trabalhos, o que fica explícito em Devil que, apesar de ter um vídeo musical colorido, ainda possui um clima sedutor e poderoso.

19) WINNER – So So

Em um de seus trabalhos mais vulneráveis, Winner aposta em uma obra audiovisual que fala por si só. SOSO é sobre a agonia de viver – ou de tentar viver. A música possui um clima depreciativo e carrega uma certa conformidade com a situação, além da direção do vídeo musical, que mostra os quatro personagens indefesos, encarcerados e até mesmo pisoteados. A felicidade é compulsória e somos ensinados a reprimir sentimentos ruins, até que sejamos tomados por eles; Assim, o boygroup questiona o porquê de nossa tristeza ou felicidade precisar ter um rosto, uma forma, uma expressão ou um jeito correto de ser.

20) P1Harmony – Scared

Sendo o grupo mais recente da lista, o P1Harmony conversa diretamente com a juventude em seu primeiro comeback, que recebe o título “Scared” e faz parte do álbum “DISHarmony”. Scared é uma faixa ambiciosa de hip-hop que fala sobre ignorar os dizeres alheios sobre seu próprio desempenho, apenas entregando-se ao esforço e à bravura de tentar novamente caso fracasse. O vídeo musical mostra diversos atletas em seus momentos de redenção, imersos em seus próprios mundos para que tomem consciência de seus limite e de como os comentários negativos e a interferência externa pode os atrapalhar e se transformar em autodepreciação.
Menções Honrosas

 

– BTS – N.O
Logo no início da carreira, o BTS carregava certa revolta em seus trabalhos, algo sempre muito bem aceito pela juventude, que é o público alvo desse tipo de conceito. Em N.O temos uma crítica muito inteligente ao sistema educacional e à forma como esperam que os jovens se comportem, eliminando toda a confiança e arrojo dessas crianças, que estão fadadas apenas a obedecer os adultos. Outro fator criticado pela canção é a ideia de sucesso como estabilidade financeira ou social, independente de como o indivíduo se sacrificou para alcançar o orgulho dos pais ou para ser bem visto aos olhos de outrem.
– CLC – No
Quando perguntada sobre o significado de ‘No’, a líder do CLC, Jang Yeeun, respondeu que a música fala sobre rejeitar certos padrões estéticos, sendo estes descritos na canção como o batom vermelho, brincos e salto alto. Ao fazer este ensaio, o girlgroup rejeita não só uma norma estética, mas também comportamental, já que mulheres são sempre atacadas por possuírem uma personalidade singular ou simplesmente escapar do padrão de forma mínima. As meninas do CLC possuem uma forte imagem de empoderamento feminino seja por seus clipes, músicas ou coreografias.
– Twice – Likey
Ao contrário do que parece pelo clipe musical, Likey na verdade é uma faixa título bem sombria. A música narra os anseios de uma celebridade, que deseja ser a mais bonita para atrair curtidas nas redes sociais. Mais a frente a personagem se maquia e comprime a barriga para vestir suas roupas – mais uma vez fazendo crítica certeira ao universo das mídias sociais e à cultura de Instagram, onde valoriza-se apenas corpos padrão, bem maquiados e com expressões felizes.
Escolha da Redatora

 

– Nu’est – Face
Em um dos maiores debuts do K-pop, o Nu’est inovava em conceito e proposta ao conscientizar o público sobre questões como bullying e cyberbullying. A música segue a temática do MV, que retrata uma escola onde se pratica bullying e nada é feito. Na letra, temos versos como: “Fuja ou você vai se machucar!/Às vezes ser corajoso demais pode ser ruim/ Peça ajuda, peça ajuda a alguém.”  que descrevem uma situação de violência e uma vítima que não vê saída para aquilo que é submetida.
– Orange Caramel  – Catallena
Apesar do conceito fofo bizarro de Orange Caramel, Catallena possui uma profunda crítica à indústria do K-pop e ao consumo de música. Para começar, Catallena é um termo usado para apelidar mulheres artistas muito talentosas e cheias de si, que acabam por atrair atenção e inveja de todos, apesar de sua arrogância. A canção da sub-unit do After School, com suas rimas repetitivas, serve apenas para acompanhamento do genial MV. No começo do vídeo, as integrantes estão vestidas de sereias e são ovacionadas pelas fortes luzes dos holofotes, mas logo o glamour acaba quando as três membros são embaladas em bandejas de sushi e vendidas por um preço mínimo. Ao lado delas, está Catallena, um sushi caro na bandeja que recebe atenção, ao contrário das outras três sereias, que logo em seguida são rebaixadas à vitrine de um restaurante onde continuam sendo rotuladas como baratas e insossas. Sob interpretação livre, a vitrine dos sushis é uma representação da indústria do K-pop, que é uma grande corrida por atenção e muitas vezes os grupos das grandes empresas estão sob os holofotes e admiração do público, enquanto os grupos menores sofrem comparações e são apelidados de sushi barato pelo público coreano – Não importa a qualidade do seu trabalho artístico, sua empresa e a quantidade de dinheiro investido em você, é o que vai definir o preço da sua bandeja; é o que define se um artista tem valor ou não.
– Epik High – New Beautiful
Sendo um dos grandes clássicos do hip-hop na Coreia do Sul, o Epik High já é conhecido pela verdade e liberdade de suas músicas. Em seus 18 anos de carreira, o trio já provou que não empurra os problemas para debaixo do tapete e sempre os encara com responsabilidade e até certa ironia em suas letras. A escolhida para terminar esse bloco com chave de ouro é “New Beautiful”, onde Epik expõe seu descontentamento com os padrões de beleza impostos pela sociedade. Na faixa, o eu lírico expressa seu afeto à diversidade e a qualquer tipo de estética, ressaltando que somos todos bonitos em diferentes cores e formas.

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